OLHAR DE CACIMBO



... porque nenhuma visão é neutra, porque o turvo precisa ser dito, ainda que maldito, antes que se perca em escuridão.










quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Hotel e restaurante em Luanda_ terceiro assalto

O hotel que nos hospedamos, por exemplo, baixou uns 200 dólares o preço no último mês. Espero que por causa da concorrência. Ainda assim é caro pra burro. É um hotel de uma grande rede, enorme, um 4 estrelas, (no site diz que são 5) eu diria que não merece mais que 2, porém não sou especialista. Está sempre lotado, em geral de estrangeiros, que não estão aqui por turismo a desfrutar um 5 estrelas na linda e tropical Luanda. Mas sim porque há poucos hotéis e os preços são quase os mesmos em todos os lugares. As condições reais do hotel: Tem dias que não deixam sabonete ou papel higiênico, tem que ligar e pedir. Outros dias o banheiro não é limpado e isso é nítido. Aspirador no chão que é de carpet, vez ou outra. Os copos que ficam junto a um pequeno frigobar nunca são trocados nem lavados. Não há critério nenhum para os serviços. Não há padronização de serviços. É nítido que as arrumadeiras chegam de má vontade, penso que não gostam de trabalhar, o que não é nenhum pecado afinal tambem não sou nenhuma fã de trabalho, contudo a constante cara amarrada e a falta de simpatia para com os clientes é desagradável. O mesmo pode se aplicar a quase todos os funcionários. Salvo raríssimas exceções. Nunca falta água e raramente luz, isso precisa ser dito, talvez o motivo de lhe darem tantas estrelas, oferece confortos raros por aqui.
      Os aluguéis dos apartamentos, casas e salas comerciais não são muito diferentes. Morar aqui pode ser tão caro como morar num bom bairro em Paris, em Londres, ou Nova York. No interior do país não sei direito como as coisas se configuram. Sei que faltam residências disponíveis para alugar e o que existe ainda não funciona bem, apresenta problemas de fornecimento de água, energia e escoamento de esgoto. O abastecimento de água e energia na capital também é ruim. Mesmo quem vive em locais privilegiados (como os bairro chiques dos estrangeiros em Luanda Sul) precisam ter gerador próprio e reservatório de água para não sofrer com o desabastecimento. Os grupos de estrangeiros que trabalham no interior, como as equipes de saúde cubanas e outros trabalhadores do mundo todo, ou são abrigados pelo estado ou pelas empresas em casas que constroem para eles.

       Os restaurantes que frequentei fora de Luanda, um em Porto Amboím e outro em Sumbe, ambas cidades da província do Kuanza Sul, cidades de praia, potenciais turísticos ainda pouco explorados, praticavam preços iguais aos da capital. Os serviços também traziam a mesma qualidade, ou seja, razoável. Em Benguela e em Namibe, capitais de duas províncias bem mais ao sul, ainda no litoral, os preços dos restaurantes eram discretamente mais baixos, com a mesma qualidade também. Estas duas últimas cidades, entretanto, apresentavam mais estrutura tanto para turismo quanto para os cidadão _ Em Benguela funcionam escolas superiores, há ginásios de esporte, inclusive o grande estádio em fase de conclusão que sediará o CAN 2010.
      Na cidade de Caxito, capital da província de Bengo, bastante próxima à capital Luanda, há dois ou três restaurantes. Os preços são um pouco menores que os da capital, mas a qualidade também diminui. O restaurante considerado melhor dos 3 e tambem o mais caro, cobra 1.600 kuanzas (16euros) por um peixe grelhado com batas e legumes cozidos. Se quisermos sal e azeite temos que pedir, os guardanapos são de papel e nem sempre estão presentes. A comida demora horrores para sair e não tem nem umas fatias de pão como entrada; se vc quiser café tem que pagar mais 450 kuanzas por xícara de café solúvel (nescafé) já adoçado.

      Não quero ser mal interpretada, penso que entenderia se alguem me dissesse que é exagero meu, afinal na África não se pode exigir muito. Nesse hotel quase não falta energia e sempre há água, inclusive quente. Só que não consigo deixar de pensar no absurdo que se paga. Se fossem serviços básicos feitos por gente mal humorada e por preços razoáveis, não me pareceria tão chocante. Mas paga-se o preço de um hotel de mesmo porte na Europa ou nos Estados Unidos para ficar num quarto com  banheiro de azulejos amarelados de sujeira, de chão empoeirado, com louça suja e se eu quiser tomar água em copo limpo, tenho que lavá-los. Não preciso de guardanapos. Eu me contentaria em comer qualquer ¨grude¨ com as mãos mesmo, como me contou que faz a minha amiga que está no Quênia. Teria lá seu charme antropológico. Mas 16 Euros por uma refeição simples! sem entrada, sem cafezinho. (São 42 reais por pessoa pelo cambio do Euro hoje).  É  uma peculiaridade desse país que é incompreensível. Não tem como não ficar absolutamente cheia de questóes e mais questóes.

2 comentários:

  1. Vivizinha, é realmente chocante ler os seus relatos. Eu jamais imaginaria que os preços são tão absurdos por aí!
    Continue fazendo dessas experiências lições que podem ser passadas pro papel, ou pro word. rs
    Bjos
    Muita saudade
    Bru

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  2. Continuam sendo CARISSIMOS mesmo!
    a gente almoçava com 7 reais, ne. rs
    e viu, sobre o aparelho, carissimo, 4 vezes o valor do brasil, mas vale a pena, logo vc tira e se livra disso
    o bom é que vc começou aqui e ja fez uma puta diferença
    bjobjo

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