OLHAR DE CACIMBO



... porque nenhuma visão é neutra, porque o turvo precisa ser dito, ainda que maldito, antes que se perca em escuridão.










sábado, 21 de maio de 2011

POMBALA _ Uma praia Lindíssima não muito longe da Capital

POMBALA é hoje um viveiro de plantas, antigamente foi uma fazenda na beira do mar. É uma das praias mais lindas de Angola, prinicpalmente porque é deserta (e, portanto, limpa) cheia de coqueiros na margem.

IMPORTANTE: Aí não tem nada, é preciso levar: água, comida, bebidas...{e, obviamente, não deixar LIXO nesse paraíso natural}. Também é tranquilo acampar durante o dia e passar a noite (para a noite é bom levar repelente) 


Pra chegar é fácil: Depois de BARRA DO DANDE (outro lugar bem bonito, porém mais explorado) segue-se a estrada, na direção de AMBRIZ. O asfalto irá acabar quando se passa por um lugarejo chamado OLARIA (do lado esquerdo da estrada). Aí há uma ponte e um posto policial (do lado direito. A polícia aí é tranquila, mas pode pedir documentos, é bom não esquecer disso)

Depois do posto da polícia anda-se menos de 1km e entra-se em uma estradinha de terra do lado esquerdo onde há um grande imbundeiro. (do lado direito há uma construção, possivelmente uma escola, cor de rosa).
Aqui temos mais ou menos o caminho.





 Nesse caminho anda-se mais ou menos uns 7km, ter-se-á a sensação de que nunca se chegará, até começar a ver a aldeia e os coqueiros (e palmeiras) gigantes na beira do mar.

Há uma aldeia um pouco antes de chegar na praia e depois chega-se a uma casa grande (portuguesa) em ruínas e uma série de bungalôs também desativados. As pessoas da aldeia são agradáveis e as crianças vêm logo ver se trouxemos algo pra elas, é comum pedirem bolacha (biscoito). Entretanto são super tranquilas, nada de exagero de pedição e intimidação como em Luanda.

As vezes os trabalhadores daí vendem côco para que tomemos água (até dá aquela saudadinha do Brasil), mas essa venda não é regular.

Não vou dizer mais nada, só vou deixar as minhas fotos daí:

antiga casa portuguesa colonial e coqueiros. LINDO LINDO.


Um paraíso deserto. Aqui tem muitos Siris. Esses animaizinhos (SIRIS) tomam posição de ataque se brincamos com eles, é super legal. Que saudade.





Canoas feitas a mão de um único tronco de árvore. IMPRESSIONANTE.

Casa colonial de beira mar e atrás os bungalôs. Pôr do sol e despedida do paraíso.


terça-feira, 17 de maio de 2011

COMO FAZER PARA COMPRAR COMIDA EM ANGOLA?






 

Basta ir ao MERCADO ou ao NOSSO SUPER.  Também se pode compras das ZUNGUEIRAS.

*Por muito tempo valeu uma regra de guerra em Angola: Estocar para não faltar. Certamente hoje não é fata de produtos que justifica muitos famintos neste país. Todavia, ainda é comum a irregularidade e inconstancia dos produtos nos pontos de venda. Portanto, se você encontrou aquele cereal, ou aquele biscoito, ou aquela marca de vinho, que realmente você gosta é bom sim estocar, pois nada lhe garante que você o encontrará novamente.

**Luanda, a capital, é uma das [se não a] cidades mais caras do mundo. A TV-BRASIL fez uma reportagem sobre sobre o tema em 2008, quem quiser ver: "A Capital mais cara do mundo"


1) OS MERCADOS são esses lugares abertos cheios de barracas e mesas onde é possível encontrar tudo, tudo mesmo. Toda cidade tem o seu e o grau de higiene desses lugares (geralmente) se pode medir logo quando se chega, pelo nível de fedor do ambiente. Todo tipo de alimento secos ou molhados cohabitan nesses lugares. Aí dividem espaço muitas mulheres e crianças, alguns homens, as vezes animais (como cães e porcos ) e os detritos desses mesmos alimentos: legumes, carnes, verduras, ervas medicinais e muitíssimos enlatados.

Na maioria das cidades em que fui, os mercados estavam ou no centro da cidade, ou muito perto dele, e a maioria dos alimentos é vendido num pano estendido no chão. Os eletronicos e roupas estão organizados em estantes e cabideiros.

Costuma ser perigoso frequentar esses lugares? NÃO.(obviamente não se pode dizer com certeza, mas viví um ano em Angola e fui quase que diariamente a esses lugares). O inevitável são os altos preços, que para estrangeiros tudo custa mais caro. Nada que não se possa negociar. Nada que nós estrangieros quando estamos aí (e ganhamos bem mais que em nossos países) não possamos pagar.

O IMPORTANTE é lavar tudo antes de consumir. Sabe aquela coisa de deixar de molho na água com 10 gotas de lixívia (água sanitária) por litro de água?  Lavar com sabão a parte de cima de todas as latas? Jamais comer uma fruta com casca ou uma carne mal cozida? Isso se torna regra de sobrevivência se consumimos algo desses lugares.

O maior mercado de LUANDA tem nome de novela brasileira, é o ROQUE SANTEIRO. Aí dizem que é perigoso, principalmente porque é gigantesco e os "brancos" (estrangeiros ou angolanos con un certo status*) não costumam frequentar esses lugares.

*essa é mais uma das peculiaridades da cultura angolana. Cidadão "branco" ou "negro" com (boas) condições econômicas, não faz serviços básicos, logo contrata um "escravo": motorista, ama-de-casa, jardineiro, lavador de carro...

 cenas quotidianas de mercado


















2) O NOSSO SUPER por outro lado, pode ser uma melhor opção.Trata-se de uma rede de supermercados, com aprentes padrões globais de higiene, e que vende produtos básicos. A maioria dos produtos aí vendidos são brasileiros ou sulafricanos. Algumas vezes é possível encontrar produtos vindos de Portugal e de outros países, principalmente os vinhos. Os preços são pré-fixados (não mudam conforme a cor da pele do freguês) e no geral são baratos, porque sua importação é subsidiada pelo governo angolano (é o que dizem, não posso garantir essa informação).

IMPORTANTE é não esquecer da regra da lixívia (água sanitária), pois não se sabe por onde passaram estes produtos até chegarem às prateleiras limpas do Nosso Super. Também é necesário verificar a data de validade dos produtos, porque é comum encontrarmos produtos vencidos na prateleira. Além disso, é preciso prestar muita atenção aos prudutos refrigerados (ou congelados) porque em é comum faltar luz por períodos longos. Reza a lenda que muitos supermercados de Angola, inclusive o Nosso Super, desligam seus geradores de energia durante a noite, o que inviabiliza a conservação dos alimentos ditos molhados.

Um detalhe INTRIGANTE do NOSSO SUPER, é que muitos dos produtos vendidos aí não são comuns no prato do angolano, como por exemplo a cenoura e a beterraba. Também a goibada e o feijão preto, que sabemos ser tipicamente brasileiros. Por outro lado, muitos produtos angolanos não são vendidos no Nosso Super, como a manga, o abacaxi (ananás), a beringela. Estes só se encontram nos mercados, ou na rua mesmo, com as zungueiras.
 Comercial do NOSSO SUPER



 3) ZUNGUERIAS são mulheres que perambulam diariamente pela cidade, com uma criança amarrada por panos coloridos en suas costas e uma bacia de alguma coisa em venda na cabeça.  As vezes são encontradas sentadas no chão [sobre seus coloridos e com a criança dormindo ao lado] onde costumam ser estabelidos pontos de venda.

É difícil especificar que gênero de produtos vendem, porque seu ramos comercial é realmente diversificado. O mais comum são frutas e peixes, e a variedade passa por tecidos, produtos de higiene, mandioca crua com ginguba (amendoím) para aumentar a energia sexual masculina (foi o que me garantiu uma delas uma vez) e todo tipo de coisas que se possa pensar em vender.

Quem conhece Angola deve lembrar disso: as zungueiras de peixe são reconhecidas de longe poir um agudíssimo grito: _Querepêêêêêêêêêêêêêêêêêêê........ cuja repetição é contínua, com tempo apenas para retomar o fôlego. Depois de muito ouvir, ficamos a imaginar, sem nenhuma garantia, que seu canto deja uma uma variação da frase: "quer peixe"




















POST SCRIPTUM

A realidade da capital é completamente diferente da que encontramos no interior do país tambem neste aspecto. Enquanto Luanda está cada vez mais globalizada e cheia de novos Supers, onde se pode encontrar absolutamente tudo, o inteiror do país segue com seus hábitos dos Mercados, do novo Nosso Super, das zungueiras nas paragens e muita coisa ainda não chega.

Por outro lado, enquanto os preços na capital beiram à loucura, no interior eles são mais razoáveis.

Para fugir dos altíssimos preços de Luanda ou para garantir que não falte algumas coisas básicas, uma prática muito comum dos tempos de guerra, e principalmete dos anos de pós-guerra (socialismo), se mantém em Angola: comprar em grande quantidade nos armázéns de porto ou nos depósitos das cidades não costeiras.

Pra quem tem a família grande, como a maioria dos angolanos, e quer manter o nivel de bens de consumo básicos, essa prática ainda é a melhor saída.

Inclusive, é interessante perceber como a maioria das família de classe média, tem pelo menos uma arca em casa. (arca= congelador de alimentos). A tal arca é muito mais comum, e muito mais necesária, que um refrigerador (geladeira).

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Viagem por Angola VIII _ A VOLTA PRA CASA: de Namibe a LUBANGO e daí Benguela-Luanda

Ver: (Viagem por Angola VII) e (viagem por Angola VI)

Saimos de NAMIBE cedinho. não voltamos por Lucira, como eu já disse no post (viagem por Angola VI) voltamos por LUBANGO, capital da província de Huila.(B) Daí fomos a Benguela (C). Pernoitamos por aí atingimos Luanda na noite do dia seguinte. (D) (figura 2)



O caminho estava ótimo: asfalto, sinalização e a paisagem fantástica.

a paisagem era linda e nos dirigíamos às montanhas
encontramos algumas pessoa no caminho
e, como sempre, alguns animais.
paramos num mercado tomar uma cuca (cerveja) e comprar banana.
as montanhas estavam cada vez mais perto, encontramos outros animais, calmos como esse mundo
e logo começamos a subir
 
dava aquela sensação de estar num comercial de carro, 
tipo: "Nissan X-TRAIL bem mais que um carro, um suporte para sua liberdade" (hihi)

conforme seguíamos, cada vez mais nas alturas, a estrada atrás parecia um rastro pequeno e iluminado
Em cima do enorme kanion as arvores parecem pequenos pés de alface
`
É a SERRA DA LEBA
Logo que vencemos a serra, e chegamos no alto, há um miradouro (entra-se a direita) de onde se pode ver o zig-zag do caminho. É emocionante.
poucos kms depois da SERRA DA LEBA  já começamos a descer em direção à cidade
a cede do partido é, como nas outras cidades, um edifício imponente e bonito, cheio de jeps 4x4 na frente.
aqui não ficamos, mas foi fácil perceber a aquitetura colonial (portuguesa dos anos 60, 70) e muitas propagandas do banco de Angola, essa aí em azul com o Paulo Flores  (cantor angolano super famoso) de moço propaganda.
saímos da cidade no mesmo día em direção à Benguela
o caminho era uma grande avenida que dava numa pequena ponte para o rio NAMBAMBI

a cidade segue um pouco, porém...
logo nos deparamos com a exuberante paisagem ÁFRICA. (lindo demais)
já não tem leões nem elefantes, uma pena, mesmo assim tem umas casinhas que se confundem, pela cor, com o horizonte. É lindíssimo

antes de tomar a bifurcação em direção a Benguela, outra maravilha: FUTEBOL de TERRENO (de várzea, enfim: de verdade)

depois do futebol andamos horas e horas nessa africa desbitada, até que lá pelas quase 7h da noite, já no caminho para BENGUELA, no meio dum troço de estrada em construção, encontramos uns meninos a brincar.
Não voltamos a viajar por esses lados, talvez nunca mais o façamos. Esses meninos ficaram na minha memória assim como estas paisagens e esse sentimento quente, cansado, triste, sofrido e africano que vivi intensamente por 15 dias.

Só parti realmente de Angola muitos meses depois, cheguei a conhecer muitos outros lugares, dos quais pretendo falar aqui. Todavia, esta foi uma das experiencias mais intensas que tive de imersão nesse país. 

Espero que quem está em Angola, ou quem vai para Angola, tenha a possibilidade de conhecer um pouco desses lugares e dessas paisagens belísimas,  a maioria delas intocadas.

Eu sempre fico imaginando que dentro de uns 50 anos, Angola esteja como o Brasil, completamente explorado pelo turismo, o que vai tornar mais fácil as viagens, obviamente, mas vai matar esse encanto que vivi nessa viagem.  Por isso escrevi esse diário e por isso que espero que outros possam viajar por aí agora, para sentir algo mais natural que a exploração turística que se sentirá nos anos vindouros. Boa Viagem.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Viagem por Angola VII - NAMIBE

Chegando em NAMIBE foi só felicidade. (ver: Viagem por Angola VI) (Viagem por Angola VIII)

Primeiro porque os postos de gasolina (BOMBAS SONANGOL) logo na entrada da cidade têm tudo, tudinho: loja de conveniencia, banheiro com água, ar para calibrar os pneus e o mais importante: gasóleo, inclusive sem fila.

A cidade é super bonita. Passamos a tarde aí, entre o supermercado (nossossuper), algumas praias, e orla da cidade.

Aqui algumas fotos comentadas deste dia:

Avenida da cidade, do alto se vê a orla.


Orla de NAMIBE, na rua de cima se vê a Igreja da cidade e a sede do partido comunista MPLA (que em todas as cidades é uma das edificação mais imponentese visíveis da cidade, em geral mais imponente que a sede do governo e das administrações municipais)


É domingo e as famílias desfilam coloridas na beira do mar...

 esse azul imenso que reflete o sol em cada gotinha de água. Com tantos barquinhos a enfeitar un tal jardim azul ensolarado, até dá vontade de cantar bossa nova.

Algumas pessoas vendiam peixe na beira da praia, os policiais aproveitavam o final da tarde...
De um bairro, depois do centro, ainda podíamos ver a cidade na baixada
O sol já havia se deitado e o lavador de carros aproveitava dos antigos arcos como apoio, enquanto se secava os pés
No outro dia bem cedinho partimos de Namibe, direção: Luanda outra vez. O caminho será outro, agora iremos por Lubango.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Viagem por Angola VI - De Luciara a Namibe

Amanhecemos em LUCIRA. (ver: Viagem por Angola V(Viagem por angola VII)

O mar parecia um espelho de águas calmas, o cheiro de peixe envadia as narinas e as crianças faziam alvoroço com suas bacias (banheiras) coloridas envolta de uma torneira de agua doce quase na saída da cidade.

Não ficamos aí muito tempo, levantamos acampamento e logo partimos para NAMIBE.

Mais ou menos na altura de onde se vê uma placa branca no fundo, estava a torneira d'agua, e onde começa montanha já começa o caminho para sair da pequena cidade

Sobre Lucira ainda quero dizer que foi a uma das cidade mais lindas que conheci. Porque? não sei exatamente. Talvez porque era romantica demais pra ser real. Talvez porque sei que nunca mais voltarei aí, nesse fundo de precipicio à beira de mar, nessa ilha entre mar e montanha, cidadezinha esquecida no tempo e no espaço.


  

O caminho para Namibe foi longo, EM VERMELHO (e a volta a Luanda foi por Lubango, que falarei no proximo post, caminho azul)

A paisagem era linda. Trechos de estrada em construção, muito pó, poeira, seca, semi-deserto, as vezes surgia um pequeno foco de verde, um grupo de pessoas longe reunidos perto alguma árvore... montanhas de areia, um mundo cada vez mais deserto, a terra cada vez mais cheia de nada. 




 A quantidade de verde diminuia quilômetro a quilômetro, o deserto aumentava, as almas vivas pelas quais cruzávamos eram cada vez mais raras.

Depois depois de horas de deserto (com poucos arbustos absolutamente secos) voltamos a ver o mar, de longe, depois de um penhasco. Aí havia uma aldeia:


E no alto, quase na beira da estrada, havia uma ruína de uma igreja

Mais adiante outras casa, talves outra comuna (aldeia) tambem perto do mar


Depois dessas pequenas aglomerações de casas, a visão de um oásis. Um vale verde banhado por um rio que chegava no mar (o nome da cidade eu não me lembro, porque não paramos aí).

Esta motocicleta foi o único veículo (que me lembro) ter passado por nós neste trajeto.
Passado o Oásis, a paisagem desértica voltou paulatinamente. Os últimos vilarejos pelos quais passamos ainda traziam algumas plantas rasteiras algumas plameiras verdes.

E depois deles, foram horas e horas e horas de sol, areia e raríssimos arbustos espinhentos.... Já estávamos acostumados com essa ausencia, inclusive de ar (porque o calor estava cada vez mais forte), quando nos deparamos com uma gigantesca CORUJA (chamo assim, mas acho que era algum tipo de águia, bubo bubo, não sei classificar esses pássaros)


O apareceimento dessa criatura foi quase que o anúncio do desespero. Porque esperávamos encontrar uma vila, uma cidade, um lugar para comprar água e gasolina. Trazíamos menos de meio litro de água para duas pessoas e o deserto e o calor só aumentavam. Andávamos sem acondicionamento de ar para economizar combustível, e os proximos 50km foram tensos e de espectativa.

De repente, quando já nossas bocas estavam secas e os corpos pediam mais que molhar os lábios com o restinho de água que trazíamos. Vimos uma MIRAGEM: um contentor de navio transformado em lanchonete, no meio daquele nada. Tinha um grande painel vermelho dizendo: STOP. Logo depois de nós chegou um taxi (Hiace, Candongueiro) vindo de NAMIBE, cheio de gente sedenta que, como nós, tomou coca-cola e muita água.

parecia um Bagdá Café, inclusive eu não teria me espantado se tivesse surgido uma mulher a servir café com uma térmica amarela. O impressionte é que não se via nenhum sinal de casa ou qualquer tipo de habitação por ali. (Vale lembrar tambem que não tinha WC e que os homens que deceram do taxi foram todo para trás da lanchonete fazer xixi)


Naquela mesma tarde chegamos a NAMIBE. Cidade de Praia, de porto, de orla para as familias e os esportistas caminharem e super-desenvolvida.