OLHAR DE CACIMBO



... porque nenhuma visão é neutra, porque o turvo precisa ser dito, ainda que maldito, antes que se perca em escuridão.










terça-feira, 27 de abril de 2010

VIAGEM POR ANGOLA I _ PORTO AMBOIM

LINKS: (Viagem por Angola II)
Ja faz quase um ano que nos dispomos a uma viagem (aventureira) de carro pelo litoral de Angola.
Começamos no dia 25 de agosto de 2009.
Sem lenço, algum documento e nenhum mapa partimos de Luanda ali pelas 15 horas sempre em direção Sul.
Nossa equipe de apenas nós dois, meu companheiro e eu. Nosso carro, o de sempre, com tração nas 4 rodas, mas sem nenhuma vantagem adicional, para aventuras africanas. De reserva tínhamos apenas água, banana, uma lata de sardinha e uma roda de estepe.

Pertinho de Luanda, uns 30 km depois de sairmos dos engarrafamentos, depois da subida do campo de golf, apenas uma pequeninha placa indica: MIRADOURO DA LUA.
A pequeníssimas escritura foi percebida por algum de nossos olhos atentos e a surpresa foi tamanha, quando aos olhos foi posta uma paisagem composta de um belíssimo vale composto de montanhas pontiagudas, cujas camadas do solo, de formações arenosa e coloridas mostravam as marcas de erosão atapetando-se até o oceano, ao longe no horizonte. Lá, o mar, de um azul colossal quase encontando-se ao céu, de um cinza moderno, esses que só viam-se nos quadros depois do século XIX.

Minutos de estupefação diante de tamanha beleza natural e percebemos que a noite começava a chegar e que o sol, apesar de não poder ser visto por causa do cacimbo, já caia no ocidente. Começava um ventinho (o tal friu angolano) e o entardecer que aos poucos era engolido pela noite.


Apressamo-nos e na continuação ainda conseguimos ver o encontro do rio Kuanza com o mar, na altura da nova e moderna ponte. (aquela com as lombadas gigantescas antes e depois dela.)

Daí em diante viajamos mais 2 horas na mais profunda escuridão, assegurados pela boa estrutura da estrata, recém feita, ainda que sem sinalização. As vezes encontrávamos alguns bois ou cabras no meio da estrada e com cuidado continuamos até um emaranhado de luzes e casa que mais tarde nos informaram ser PORTO AMBOIM.

Antigo porto português, hoje levemente explorado pelo turismo, o pequeno centro da cidade comporta casas coloniais e antigos armazéns portuários. Mais distante do mar, em direção à estrada de passagem para o sul há alguns bairros "populares" com casas de adobe amarelas da mesma cor do solo, construídas na montanha e rodeadas sobretudo por cabras, crianças e porcos.

Permanecemos um dia na cidade. Desfrutamos do delicioso mar calmo de aguas verdes cristalinas e de saborosas frutas compradas de um pequeno vendedor. Um menino que vendia peras e maçãs entre os carros na bomba de combustível. O nome dele já esqueci, mas a carinha de vendedor dedicado jamais esquecerei.

Seguimos viagem ... contarei amanhã ,ou depois. Deixo aqui umas fotos de Porto Amboim.

PS: Vale muito a pena conhecer. Inclusive pelas singelas pelas contradições. Digo singelas, porque realmente todos convivem muito bem. Diferentemente de Luanda e outros sitios de Angola que visitei.