OLHAR DE CACIMBO



... porque nenhuma visão é neutra, porque o turvo precisa ser dito, ainda que maldito, antes que se perca em escuridão.










terça-feira, 17 de maio de 2011

COMO FAZER PARA COMPRAR COMIDA EM ANGOLA?






 

Basta ir ao MERCADO ou ao NOSSO SUPER.  Também se pode compras das ZUNGUEIRAS.

*Por muito tempo valeu uma regra de guerra em Angola: Estocar para não faltar. Certamente hoje não é fata de produtos que justifica muitos famintos neste país. Todavia, ainda é comum a irregularidade e inconstancia dos produtos nos pontos de venda. Portanto, se você encontrou aquele cereal, ou aquele biscoito, ou aquela marca de vinho, que realmente você gosta é bom sim estocar, pois nada lhe garante que você o encontrará novamente.

**Luanda, a capital, é uma das [se não a] cidades mais caras do mundo. A TV-BRASIL fez uma reportagem sobre sobre o tema em 2008, quem quiser ver: "A Capital mais cara do mundo"


1) OS MERCADOS são esses lugares abertos cheios de barracas e mesas onde é possível encontrar tudo, tudo mesmo. Toda cidade tem o seu e o grau de higiene desses lugares (geralmente) se pode medir logo quando se chega, pelo nível de fedor do ambiente. Todo tipo de alimento secos ou molhados cohabitan nesses lugares. Aí dividem espaço muitas mulheres e crianças, alguns homens, as vezes animais (como cães e porcos ) e os detritos desses mesmos alimentos: legumes, carnes, verduras, ervas medicinais e muitíssimos enlatados.

Na maioria das cidades em que fui, os mercados estavam ou no centro da cidade, ou muito perto dele, e a maioria dos alimentos é vendido num pano estendido no chão. Os eletronicos e roupas estão organizados em estantes e cabideiros.

Costuma ser perigoso frequentar esses lugares? NÃO.(obviamente não se pode dizer com certeza, mas viví um ano em Angola e fui quase que diariamente a esses lugares). O inevitável são os altos preços, que para estrangeiros tudo custa mais caro. Nada que não se possa negociar. Nada que nós estrangieros quando estamos aí (e ganhamos bem mais que em nossos países) não possamos pagar.

O IMPORTANTE é lavar tudo antes de consumir. Sabe aquela coisa de deixar de molho na água com 10 gotas de lixívia (água sanitária) por litro de água?  Lavar com sabão a parte de cima de todas as latas? Jamais comer uma fruta com casca ou uma carne mal cozida? Isso se torna regra de sobrevivência se consumimos algo desses lugares.

O maior mercado de LUANDA tem nome de novela brasileira, é o ROQUE SANTEIRO. Aí dizem que é perigoso, principalmente porque é gigantesco e os "brancos" (estrangeiros ou angolanos con un certo status*) não costumam frequentar esses lugares.

*essa é mais uma das peculiaridades da cultura angolana. Cidadão "branco" ou "negro" com (boas) condições econômicas, não faz serviços básicos, logo contrata um "escravo": motorista, ama-de-casa, jardineiro, lavador de carro...

 cenas quotidianas de mercado


















2) O NOSSO SUPER por outro lado, pode ser uma melhor opção.Trata-se de uma rede de supermercados, com aprentes padrões globais de higiene, e que vende produtos básicos. A maioria dos produtos aí vendidos são brasileiros ou sulafricanos. Algumas vezes é possível encontrar produtos vindos de Portugal e de outros países, principalmente os vinhos. Os preços são pré-fixados (não mudam conforme a cor da pele do freguês) e no geral são baratos, porque sua importação é subsidiada pelo governo angolano (é o que dizem, não posso garantir essa informação).

IMPORTANTE é não esquecer da regra da lixívia (água sanitária), pois não se sabe por onde passaram estes produtos até chegarem às prateleiras limpas do Nosso Super. Também é necesário verificar a data de validade dos produtos, porque é comum encontrarmos produtos vencidos na prateleira. Além disso, é preciso prestar muita atenção aos prudutos refrigerados (ou congelados) porque em é comum faltar luz por períodos longos. Reza a lenda que muitos supermercados de Angola, inclusive o Nosso Super, desligam seus geradores de energia durante a noite, o que inviabiliza a conservação dos alimentos ditos molhados.

Um detalhe INTRIGANTE do NOSSO SUPER, é que muitos dos produtos vendidos aí não são comuns no prato do angolano, como por exemplo a cenoura e a beterraba. Também a goibada e o feijão preto, que sabemos ser tipicamente brasileiros. Por outro lado, muitos produtos angolanos não são vendidos no Nosso Super, como a manga, o abacaxi (ananás), a beringela. Estes só se encontram nos mercados, ou na rua mesmo, com as zungueiras.
 Comercial do NOSSO SUPER



 3) ZUNGUERIAS são mulheres que perambulam diariamente pela cidade, com uma criança amarrada por panos coloridos en suas costas e uma bacia de alguma coisa em venda na cabeça.  As vezes são encontradas sentadas no chão [sobre seus coloridos e com a criança dormindo ao lado] onde costumam ser estabelidos pontos de venda.

É difícil especificar que gênero de produtos vendem, porque seu ramos comercial é realmente diversificado. O mais comum são frutas e peixes, e a variedade passa por tecidos, produtos de higiene, mandioca crua com ginguba (amendoím) para aumentar a energia sexual masculina (foi o que me garantiu uma delas uma vez) e todo tipo de coisas que se possa pensar em vender.

Quem conhece Angola deve lembrar disso: as zungueiras de peixe são reconhecidas de longe poir um agudíssimo grito: _Querepêêêêêêêêêêêêêêêêêêê........ cuja repetição é contínua, com tempo apenas para retomar o fôlego. Depois de muito ouvir, ficamos a imaginar, sem nenhuma garantia, que seu canto deja uma uma variação da frase: "quer peixe"




















POST SCRIPTUM

A realidade da capital é completamente diferente da que encontramos no interior do país tambem neste aspecto. Enquanto Luanda está cada vez mais globalizada e cheia de novos Supers, onde se pode encontrar absolutamente tudo, o inteiror do país segue com seus hábitos dos Mercados, do novo Nosso Super, das zungueiras nas paragens e muita coisa ainda não chega.

Por outro lado, enquanto os preços na capital beiram à loucura, no interior eles são mais razoáveis.

Para fugir dos altíssimos preços de Luanda ou para garantir que não falte algumas coisas básicas, uma prática muito comum dos tempos de guerra, e principalmete dos anos de pós-guerra (socialismo), se mantém em Angola: comprar em grande quantidade nos armázéns de porto ou nos depósitos das cidades não costeiras.

Pra quem tem a família grande, como a maioria dos angolanos, e quer manter o nivel de bens de consumo básicos, essa prática ainda é a melhor saída.

Inclusive, é interessante perceber como a maioria das família de classe média, tem pelo menos uma arca em casa. (arca= congelador de alimentos). A tal arca é muito mais comum, e muito mais necesária, que um refrigerador (geladeira).

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