OLHAR DE CACIMBO



... porque nenhuma visão é neutra, porque o turvo precisa ser dito, ainda que maldito, antes que se perca em escuridão.










segunda-feira, 28 de junho de 2010

Viagem por angola IV_ de Barra Azul a Dombe grande e Cuio

(Ver: Viagem por Angola III) (Viagem por angola V)

Perdidos em direçao do sul
Barra Azul

Saindo de Barra Azul, passeamos rapidamente por Baia Farta: pequena vila de pescadores , muitas crianças e mamás, varredeiras matinais a limpar o pátio duma igrejinha antiga, algumas cabras e porcos e muito cheiro de peixe secando ao sol.
A caminho do sul, tomamos uma estada sem indicação de onde iria dar. Apenas sabíamos, pela posição do sol, que rumava ao sul.
Quilometros e quilometros de semideserto, montanhas de areia e um asfalto novo e bem demarcado no meio desse poeirento nada.

A cada parada, um imenso silêncio, onde um simples voejar de folha podia ser ouvido como numa caixa acústica.
A estrada seguiu até o municipio de Dombe Grande, indicado por uma pequenina placa. Aí se acabou o asfalto e começou o verde, palmeiras, junco, umas casinhas e... mais pessoas.
Eu com crianças, Dombe Grande

Passada uma grande ponte, sobre um rio sem água que, como nós, estava de férias em tempo do CACIMBO, tirei fotos com crianças e compramos frutas.

Uns 2km dali encontramos um senhor sentado a beira do caminho numa encrusilhada.

Perguntamos qual estrada seguia para o sul, afinal os caminhos já começavam a estar cheios de capim e ao que nos parecia não passava aí carro há muito tempo.
_ como? diz o senhor, desconcentrado do tempo de agora.
_ O sul, repito eu pausadamente e com o L bem pronunciado como é comum por aqui.
_ O suro? grita o homem _ Sim, sim.
_ É para lá? insisto eu, apontando a direção.
_Sim sim, o suro.

Se se chamava Suro realmente nunca chegamos a saber. O único que encontramos 1 km dali foi uma pequena vila (aldeia ou comuna) que, como muitas, trazia o pátio bem varrido, algumas cabras, porcos, crianças e poucos adultos a nos olhar indagativos.

O caminho não seguia, portanto voltamos e tomamos o outro, fomos até uma nova encrusilhada,  que pela indicação do sol nos levaria mais próximo da costa e, possivelmente, ao sul.

Seguimos uma estrada de chão mal acabada, com subidas e descidas e trilhos difíceis, entre montes e  montanhas de terra (areia branca) e alguns paredões de rocha. Andamos por umas 2 horas, já eram quase 15h quando chegarmos a uma pequena aldeia a beira mar, que supomos se tratar de CUIO, conforme vimos numa placa indicativa.
Caminho para Cuio

As crianças vieram rapidamente nos encontrar. Na beira do mar uma velha canoa abandonada e mais de 20 crianças a nos rodear e  nos tocar.

Crianças de Aldeia, CUIO

A aldeia ficava depois de grandes montanhas. Antes de decidir voltar paramos nessa aldeia, e perguntamos aos adultos se ali era CUIO. Eles respondiam: _Sim, sim, e apontavam na direção que seguia. Cuio é por aqui.
Aldeia, supostamente Cuio

Aldeia, supostamente Cuio.

Ciclista da aldeia, me encantou este senhor.

Decidimos voltar, porque a estrada não parecia ir mais além que a proxima aldeia. (Cuio ou outra, quem sabe?)

Conseguimos tomar a outra rota, agora supostamente na direção de Namibe, ainda ao sul.

Mas a aventura parecia nãos nos querer definir caminho certo. Por toda tarde ainda continuaríamos perdidos...

(Ver proxima postagem)

Um comentário:

  1. A paisagem é linda, bem diferente da a que estamos costumados a ver aqui no Brasil.
    Jefhcardoso do
    http://jefhcardoso.blogspot.com

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