OLHAR DE CACIMBO



... porque nenhuma visão é neutra, porque o turvo precisa ser dito, ainda que maldito, antes que se perca em escuridão.










sábado, 12 de junho de 2010

VIGEM POR ANGOLA III _ LOBITO, BENGUELA, BARRA AZUL

A Viagem continuou tranquila. (ver: Viagen por Angola II) (Viagem por Angola IV)
Saimos de Sumbe antes mesmo do Sol se Pôr, sempre na direção do Sul.
Os preços dos Hotéis e complexos à beira mar no Sumbe conseguiam ser mais caros que em Porto Amboím e pensávamos atingir LOBITO naquele dia mesmo.  A estrada estava boa e, apesar do calor, a paisagem nos agradava.


Obviamente a noite nos pegou no meio do caminho e resolvemos parar e dormir na praia, entre a estrada e o Mar.

Acampamos livremente, tomamos banho de mar e diferentemente do que dizem acerca de Angola, não sentimos nenhuma insegurança. Ninguem apareceu nos incomodar, nem pessoas nem animais e hoje realmente sabemos que não perigo.


Pela manha descobrimos que estávamos numa praia Lindíssima, com várias pequenas lagoas muito proximas e uma vila de pescadores muito perto. Quando chegamos a noite, provavelmente estavam todos dormindo.



Veio até nós apenas para saudar, um menino chamado Catiu, que estava ali para cuidar dumas cabras.

Tímido, trocou algumas palavras conosco, disse que vivia ali com o tio e que gostava de pescar. Que a mae vivia no Lobito e que já se ia.

Atingimos Lobito por volta da hora do Almoço. O sol era infernal, a poeira da estrada não permitia ver muito. A cidade estava toda em obras. Na beira da estra haviam trilhos de trem e aí: um longo cordão de gente a vender comida e artigos secos e molhados em meio ao lixo, à poeira, às crianças e aos animais domésticos.
A agressividade da cena urbana africana nos sugou novamente, em oposição ao paraíso natural em que tínhamos passado a noite. Quase corremos de volta.



O centro da cidade já parecia menos caótico, paramos na praça central em frente a uma espécie de shopping, donde na parte de cima encontramos lanchonete (em bom estado de higiene) e banheiros publicos. Almoçamos aí, algum sanduíche com coca-cola e logo partimos.

Sem fotos do centro por motivos óbvios, Angolano (no geral) não permite fotografias.

Na saída da cidade um engarrafamento por conta da ponte nova, que somente soubemos pelo jornal que uns 2 meses depois fora aberta por completo.

Atingimos Bengela neste dia mesmo. Uma cidade aparentemente menos caótica (que Lobito) e com uma magnífica Orla de edificação colonial, Restaurantes, hotéis e edificios públicos a beira mar,

um lindíssimo pôr do sol, um olhar atentíssimo à exuberância do deitar-se do sol no horizonte maritimo e um tropeção numa raiz escondida na areia da praia. Um monte de sangue jorrado num de nossos pés e um naco de dedo que ficou por aí mesmo na raíz. ...

UMA ATENDENTE DE FARMÁCIA MAL-HUMORADÍSSIMA (DEPOIS DE TRES FARMACIAS FREQUENTADAS) QUE CONSEGUE VENDER UM PACOTE DE CURATIVOS, UM ROLO DE ESPARADRAPOS E UM VIDRO DE ESTERELIZANTE A BASE DE IODO E UMA POMADA ANTI-INFECÇÃO.

De Benguela ainda visualizamos o estádio novo de futebol na saída da cidade que estava quase pronto para o CAN (que ira começar dali uns meses).

Passamos a noite (em acampamento novamente) numa pequena praia uns 50 km dali chamada Barra Azul (ou Baia Azul_ Bem perto de um outro lugar chamado Baía Farta).

Lugar encantador, de mar calmo, pois é uma entrada em meio a duas montanhas, e a cidadezinha é desabitadas nesta época do ano. Casas para tempo de ferias e veraneio (imagino)

 nosso carro e o quioske da praça.

FATO INUSITADO: Nos sentimos numa cidade fantasma. No meio da praça central, à beira do mar, um grande quiosque coberto e uma pedra fundamental com miradouro para o mar. As casas todas fechadas e nas garagens barcos a motor e jets-skis. 
Conforme foi caindo a noite ouvimos algumas vozes e vimos algumas pequenas fogueiras, assim como ouvimos o som do rádio de alguns guardas.

A noite passeamos um pouco (um de nós com um grande curativo no dedo do pé), para interagir com os habitantes, e percebemos um ponto de luz e de som no meio do nada das casas fechadas e da fantasmagorice da cidade. Tratava-se de uma TELEVISÃO de umas 20 polgadas que aglomeravam cerga de 20 ou 30 pessoas em frente dela, a maioria jovens e crianças. 
Passamos, olhamos, e ninguem falou conosco, o espetáculo estava na tela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário