4 a 6 de agosto
Do aeroporto até o Hotel o que vimos foi uma paisagem urbana africana. Um poeirão e gente, gente, gente, e um trânsito impressionante. Demoramos mais ou menos umas 2 horas para chegar ao hotel e não me parece que seja muito longe. Na verdade a parte que fica longe vai rápido; mas na cidade anda-se 1 quadra a cada meia hora. Muitos, muitos carros. Impressionantemente, todos 4por 4. A cidade parece enorme, mas tem um pequeno centro, onde ao que me pareceu se poderia fazer tudo a pé (Mais tarde irei perceber que realmente se pode fazer muito a pé e que as coisas não são tão longe, só não há muita estrutura para pedestres ainda). Não sei porque exatamente todos usam carros, a maioria 4X4 e pic up, carros enormes. Imagino que por algum fetiche com carro, tambem porque as estradas no interior do país são péssimas e provavelmente, o que acontece em todos os lugares do mundo, as revendedoras se instalam aqui em busca dos euros e dos petrodólares, inserem um Marketing desgraçado, ajudam na segregação da população, afinal as pessoas se medem pelo carro que tem e nós sabemos que no Brasil é assim também, e noutros lugares do mundo também _a finalidade é só uma: LUCRO, escondido atrás de palavras mais bonitinhas, como Progresso_ A cidade tem 4 milhões de habitantes e as ruas quase não tem semáforo, muito menos faixa de pedestre. Não tem ônibus urbano e nem projeto de metrô. Tudo que existe ainda é da época dos portugueses, ou seja 1975, apesar de que tudo está em obras, o que eles chamam de reconstrução do país. A impressão que dá é que daqui uns 5 anos isso será bem melhor, e em 10 anos pode ser ótimo. A cidade está cheia de novos arranha-céus e construções que me parecem se alastrar desordenadamente. Já ouvi falar que logo haverá ônibus. Por enquanto o que é muito comum são uns taxis coletivos azuis que levam todo mundo aos locais que precisam. Todo mundo e tudo, gente com botijão de gás, com sacos enormes de coisas que trazem pra vender no centro da cidade, coisas que levam pra casa nos bairros, gente com mantimentos para as cidades vizinhas, e assim por diante. Não sei direito como funciona, só sei que não é novo, não é limpo (e nem teria como ser com a falta d'água) tem música alta, hep ou um tipo de sertanejo meio evangélico que rola muito por aqui. Eu nunca usei um desses por isso não posso falar mais. O que sei é que é caro para a população local que trabalha e o utiliza como meio de transporte para chegar ao trabalho, ao menos é o que todos os trabalhadores aos quais perguntei me disseram. Sobre as construções, a emissão de poluentes pelos carros, o lixo, o esgoto, imagino que não deva ter muito planejamento ecológico, talvez para o futuro criem. Por enquanto as ruas ficam lamacentas de água e cimento e poeira e sujeira e óleo, e restos de construção, e ... . A minha impressão pessoal, talvez a mais pessoal desde agora dita, é que vão transformar esse lugar numa selva de pedras, como um São Paulo da vida, cimento e carros, com a diferença que tem o mar perto. Mar este que por enquanto está com bastante esgoto e lixo diga-se de passagem. A existência do porto em pleno meio urbano e a efervescência comercial dele, com o constante atracamento de novos navios piora o estado das águas. A baia é um fedor impressionante e mesmo do outro lado, na península onde tem praia e mar aberto, que chamam de ilha e está cheio de restaurante e casas de shows carrésimas e se é onde se pode ir à praia, não é muito mais limpo, obviamente não tem fedor e o mar parece limpo, mas tem lixo na praia de qualquer forma. O importante a gente já sabe o que é né , tutu, bufunfa, ou cúmbu para usar a gíria local. Àqueles que se aventuram a andar pelas ruas, até porque não é possível ir do carro até a porta de todos os sítios (como falam aqui em bom e tradicional português), tem que saltar poças, pedras, merdas, lixo. Para atravessar a rua a gente põe a mão indicando que vai atravessar e atravessa no meio dos caros mesmo. No início eu tinha medo, mas agora já sei que o engarrafamento é tanto que tudo bem, não vão me atropelar. Das motos é preciso ter mais cuidado, inclusive nas calçadas. Os jovens motoqueiros andam muito livremente pelas calçadas e são agressivos com o barulho de suas máquinas, especialmente ao exibir suas manobras. Vez por outra conseguem ser intimidadores com estrangeiros caminhantes por conta de uma xenofobia que aos poucos nos vai sendo possível conhecer. Nos finais de semana aproveitam da diminuição do tráfego para utilizar as ruas e exibir suas máquinas e seus potenciais acrobáticos, especialmente à beira mar e nas ruas da ilha, que beiram a praia. A maioria anda sem capacete, o que não parece ser obrigatório ainda por aqui, pois há bastante policiais nas vias e não os vejo pararem os jovens. A relação álcool-motocicleta tambem parece não ter muito controle ainda. As notícias de jornais apontam acidentes com motocicletas, não sei se são bastante ou poucos, não consigo calcular proporções, ao menos a mim eles parecem sempre suicidas. De carro já considero bem complicado o trafego, para quem conduz de moto é sempre uma aventura. Na marginal, uma espécie de orla que tem na beira da baia, tem uma calçada e é o único lugar onde parece ser possível andar tranquilamente a pé, apesar do odor, até em dias de pouco calor. Contudo não é em todas as partes que pode-se caminhar, pois estão fazendo um aterro, tipo aterro do Flamengo no Rio de Janeiro, o que provavelmente irá auxiliar na diminuição do problema do engarrafamento e revitalizará o local. Por enquanto o que há são umas partes da calçada bastante quebradas porque ali passaram máquinas, uns painéis (tipo outdoor) anunciando o futuro grande feito e um monte de areia depositado na beira da rua com máquinas espalhando essa areia durante o dia e levantando mais pó ainda.
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