OLHAR DE CACIMBO



... porque nenhuma visão é neutra, porque o turvo precisa ser dito, ainda que maldito, antes que se perca em escuridão.










segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A arte de levar tudo na cabeça.

Emabaixo duma Grande Arvore de Acacia, là pelas quase 5 da tarde,  a vendedora de comida começa a recolher sua tenda. Chega ao fim o dia de trabalho e os alimentos ja são poucos. Parece que restam apenas uns bolos fritos envoltos em açu'car.

Junto com a mãe, estão 4 pequenas crianças, dois meninos, uma menina e um bebé.  A menina é a do meio, e assim como os outros auxilia no recolhimento dos materiais.

Habilidosa, primeiro a mulher amarra o bebé às costas, depois vira a pequena mesa de madeira deixando-a de pernas para o ar e põe tudo (bacia, panos etc) no centro da mesa invertida. Ajeita um pano na base da cabeça e logo levantarà a enorme bagagem sobre ela.

Antes de o fazer, porém, a filha se aproxima da mãe sorridente, jà com o seu proprio pano enrolalo e volteado em forma de ci'rculo para que a mãe lhe ajeite uma lata (dessas de leite Ninho de 5 litros) na cabeça. Com não mais que 7 anos de idade, a criança arruma a postura das coisas para que a lata não caia e sai vaidosa desfilando a atitude.

A mãe então ergue a mesa na cabeça e se vai, seguida pelos filhos. Todos naquele andar de formigas, como eu gosto de chamar, um pouco errantes, mas com passos firmes e uma gigantesca bagagem na cabeça.

O menino, um pouco maior, carrega numa mão um balde de açucar e na outra mão um pequeno banco de plastico. Ele pàra vàrias vezes porque a tampa do balde abre, então precisa largar o banco e usar a outra mão para fechar.

A criança pequenina, parece ter uns 2 ou 3 anos de idade e não ter a incumbencia de carregar nada. Porém encontra uma pequena garrafa d'àgua vazia (de 500 ml) e, como a mãe e a irmã, põe na cabeça e segue o grupo mais feliz agora.

O irmão, que sofre com o balde de açucar, percebe as vontades do pequeno e então lhe ajeita o banco de plàstico àa cabeça, invertido como a mesa que carrega a mãe.

A mãe, pacienciosa, parou uns minutos e esperou os filhos se ajeitarem e depois seguiram.

Assim seguem. Assim é.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Alfabetizaçao de adultos em Angola

Perto da minha nova morada tem um bairro popular. Muitas casinhas de adobe da mesma cor do chão, cobertas com zinco, e muitas crianças e mulheres que andam com bacias na cabeça.

Há ali uma antiga capela portuguesa, deteriorada pelo tempo, por alguns combates e pelo uso, pois no bairro não há quase nada, mas não falta fé.

É nessa capela que uma freira missionária dá aulas de alfabetizaçao para adultos. 3 vezes por semana, por volta das 4 da tarde, ela caminha sob o sol, cumprimentando todos que encontra pelo caminho com seus livros e lapis pronta para se tornar a professora.

A capela não tem bancos nem mesas. As pessoas sentam no chão ou em cadeiras plásticas que elas mesmas trazem e escrevem sobre umas tabuetas que a irmã empresta.  O quadro fica guardado na casa de uma das alunas e é pendurado e retirado da parede a cada aula.

Os alunos são mães com crianças à tiracolo que vêm aprender a ler e escrever e tambem aproveitam das brincadeiras que a irmã propõe no intervalo de cada atividade. Quando a brincadeira é cantada, essas mulheres projetam suas vozes para além das frestas da capela e se fazem ouvir no pátio.

No pátio ficam os filhos que já não precisam ser levados nos braços a brincar com outras crianças das redondezas. Destes, nem todos vão à escola e dos que vão muitos deles ainda não aprenderam a ler, ou distinguir as cores, ou sequer sabem seus nomes completos.

EU, encantada pelas criancinhas e impulsinada pela irmã, que muito humildemente me convidou a fazer alguma atividade com os infantes, comecei a dar-lhes "aulas".

Logo no primeiro dia (quando apenas lhes ofereci o desenho de uma flor para pintar) percebi que não podia fazer muito. São muitas crianças, tem idades e níveis escolares muito distintos, não há classes ou cadeiras, ou sequer tijolos para sentar e o sol na cabeça é muito forte. Uma das alunas da irmã, a Vó Verónica ofereceu a sombra de bamboo e palha do pequeno patior cercado se sua casa para as aulas o que ajudou, mesmo assim algumas crinças acabam ficando ao sol, pois a cobertura é pequenina.

O que resolvi então, e o faço agora, é ir uma vez por semana até lá contar histórinhas infantis, l por semana. A mais mostro-lhes algumas palavras, números, desenhos e fotos de animais e detalhes do que conto.

Primeira historinha foi OS 3 PORQUINHOS, já que aqui há tantos porcos, já que é um clássico dos contos infantis, já que assim aprendem os números e a contar até 3 ao menos.

Semana que vem será CHAPEUZINHO VERMELHO, já que há tanto sol, já que muitas usam lenços coloridos na cabeça, já que a maioria das crianças não sabe distinguir as cores.

O lobo das minhas histórias não é o LOBO MAU, é só um lobo, que tambem será conhecido a partir de livros de biologia na proxima aula. O lobo das minhas histórias só persegue porque tem fome, e tambem nunca morre, só foge assustado. A moral das minhas histórias é sempre a mesma: Pra ler essas historias através dos livros é preciso ir à escola.

Eu só espero que Angola tenha escolas pra todas essas crianças (afinal dinheiro não é problema, como sabemos, Angola é um país financeiramente privilegiado em África)

O MAIS IMPRESSIONANTE é que no meio da contaçao, percebi que não só as crianças de dentro do pátio tinham vindo ouvir, havia um senhor que mudou a cadeira pra mais perto da cerca pra ouvir tambem. Do outro lado, mais umas jovens tambem se aproximaram. 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Formigas Infantes


Ja faz uns dias que estou em CAXITO, capital do Bengo, como falei na postagem anterior.

Aqui o dia amanhece muito cedo. É como se o sol crinça despertasse agitado e animado e depois, ali pelas 7 horas da tarde, jà cansado de tão intensas brincadeiras, se deixasse completamente adormecer, embalado pelo vento que ruma do mar e começa chegar por aqui por volta das 4 da tarde.


Assim como o sol, me desperto cedo e me deito quando os grilos começam a cantar sob o telhado. Hoje, por volta das 9 horas da manhã, o sol jà começava arder na pele e eu acordada a pelo menos umas 3 horas, chegaram de Luanda os rapazes da empresa de manutenção. Vieram arrumar a ducha e trazer um pequeno fogão, para que possamos cozinhar mais à nossa maneira e aos nossos horarios.

Perto das 10 horas foram embora e deixaram na lixeira, aos fundos da casa, a caixa do fogao, a ducha velha, e os pedaços de plastico, isopor, canos e tubos que restaram do tabalho.

5 minutos depois ouço um barulho nos fundos. Saio no portão e vejo umas 7 ou 8 crianças (de 5 a 9 anos de idade) a remecherer o lixo numa verdadeira descoberta. Quando me vêem algumas correm, outras apenas param de mecher sem soltar o que têm nas mãos e ficam a me olhar.

Eu, tão criança quanto aqueles 7 ou 8 pares de olhinhos dirigidos a mim não sei o que fazer nem o que dizer. Acabo por autorizar a retirada do que quizerem, e que deixem o resto dentro da lixeira e não no chão.

Ainda sem me dar conta de muita coisa, percebo que abri um diálogo e a partir de então a cada pedaço de plastico, papel ou resto de cano, que retiram da lata me olham e perguntam:

_Amigo! Posso pegar esse? E esse?

_Amigo! Amanhã tu compa uma bolassa pa mim?

_Amigo! Amanhã tu compa #'%$£è@' pa mim? (não entendo)


Limito-me a dizer: _Amanhã.

Depois lhes explico que não sou amigO, sou amigA, porque sou menina. Aprendem rápido, fazem mais uma meia duzia de perguntas, me chamando de amiga e como a lixeira já esta vazia vão se afastando.

O grupo das meninas pega a caixa maior, do fogão. Como formigas, meia duzia de crianças com uma enorme caixa de papelão na cabeça e mais umas 3 ou 4 correndo atrás, saem todas cantando em coro

_Ah amiga é boa. Ah amiga é boa...

2 minutos depois um dos enfantes aparece no portão e pergunta se não tem mais.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Visita do Sr. Presidente

Me mudei de Luanda  há 4 dias. Vivo agora em Caxito, Capital do Reino do Bengo.

Bengo nao é um reino e sim uma provincia, mas a frase me lembra outra dum conto do Machado de Assis: O segredo do bonzo. A historia se passa na cidade de Fuchéu, capital do reino de Bungo. Penso que o tal bonzo do conto bem que  poderia morar por aqui, e os seus discipulos (os pomadistas) seriam integrantes do partido. * (clique BAIXAR o conto)

Hoje o Presidente da República erá visitar o pequeno Reino. Vem para a Inauguração de um centro politécnico, chega por volta da 9horas da manhã. Desde ontem as ordens superiores são para que todos os alunos, funcionários e professores das escolas do município se dirijam ao local do encontro a partir das 7h da manhã.

Ontem pela manha já começavam os preparativos. Durante a noite foi providenciada uma chuva (por forças da natureza que tambem devem ser comunistas) para que a cidade amanhecesse lavada.
Perto das 8:30 da manhã, quando passamos pela rota que vai do pequeno vilarejo de Açucareira, onde fica a sede do governo do Bengo, até a cidade de Caxito, capital da Província, quase não conseguiamos acreditar no que víamos.

Surgidos não se sabe ao certo donde, a cada 2 metros havia um aglomerado de pessoas a limpar a beira do caminho. Eram 10 km de gente, que a fação e enchada, formigas e cigarras, estavam todas em trabalho e em conjunto. Na rua em frente ao Gabinete do Governo, dezenas de mulheres a lavar o asfalto, a raspar o barro. Um caminhão  se encarregava de esguichar água. Outros grupos expalhavam pedras no pátio de uma escola. Na frente doutra escola uma retro-escavadeira tapava um buraco ancião.

À tarde, por volta das 16 horas, quando voltamos a fazer a rota, ficamos impressionados com as mudanças ocorridas. Era possivel ver detalhes da paisagem, inclusive certas estruturas como muros e calçadas, antes completamente escondidas pelo mato e pela terra.

Na beira da estrada o movimento de um rato seria perceptível dado a clarida resultante do trabalho de limpeza.

Seja bem vindo Sr. Presidente.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

4 de fevereiro

Feriado em Angola

04 de fevereiro de 961 começou a Guerra Colonial pela independencia de Angola. Demorou até 25 de abril de 1974. Hoje dois feriados nacionais de Angola. Depois teve mais guerra aqui em Angola, até 2002. Dentre tantas batalhas, muitos soldados portugueses passaram por aqui, alguns perderam a vida nessas terras.

Dos sobreviventes, alguns ainda vivem hoje. Um dele é o Sr. M.R. Um senhorzinho portugues que atuou pelas forças armadas portuguesas e passou muitos dias numa pequena aldeia angolana chamada Quimaria, na pronvincia de Uige -norte de Angola- e que em todos os seus anos de vida jamais esqueceu da pequena vila africana, ensolarada e de ruas poeirentas.

Uns 30 anos depois, o Sr. M. R. encontrou referencia à cidadezinha no Blog As Viagens de Alex, um outro aventureiro que gosta de escrever suas experiencias na Africa.

Emocionado, Sr. M.R. pediu ajuda ao blogueiro para retomar o contato com a comunidade. O Sr. M.R. esta para receber uma aposentadoria por ter lutado na batalha. Porem ele considera que esse dinheiro deve ser encaminhado às crianças de Quimaria.

Serão 140 Euros por mes. Como o Alex muito bem descreveu no blog, dificil seria encontrar critérios para escolher o beneficiàrio, ja que todas as crianças da localidade necessitam tanto. Para evitar que a doação se devie pelo caminho, decidiram doar o dinheiro para a escola de Quimaria e a professora comprarà material escolar para as crianças.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ser ou não ser? (Pedra)

Hoje achei uma pérola, (ou melhor, uma pedra) no blog da minha amiga Gi
e fiquei pensando "cã cux meux butoex", como dizem os portugueses, sobre o embrutecimento da vida.
 
 Colo o poema. E não digo mais nada


 A educação pela pedra
                                                João Cabral de Melo Neto

Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz ininfática, impessoal
(pela dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura completa;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didatica).
No Sertão a pedra não sabe lecionar.
e, se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Viver em Luanda

6 meses depois

Viver em Luanda nao é nada fácil, isso eu já disse e parece estar bem claro nas minhas postagens anteriores. O segredo é que é preciso esforço e algum «rebolado» para se safar nesta cidade. E no final o que era ruim, já não parecerá tanto.

Resumidamente: A cidade é enorme, cheia de habitantes e não há estrutura alguma para tal. Estão construindo em todos os cantos da cidade (estradas, pontes, edificios, ...) o que torna certos trajetos caóticos e as vezes impossiveis. Quando chove, e ainda bem que chove pouco, muitos locais ficam alagados ou cheios de lama e desencadeia mais caos. Há locais privelegiados, com água, luz e um pouco de limpeza, assim como estabelecimentos comerciais higienizados. Consequentemente eles custam exessivamente caros por constituirem um privilégio que poucos podem acessar. Como todos precisam de certas coisas (roupas, alimentos, eletronicos, automoveis, peças...) e o acesso legal a tal não é possivel dentro da estrutura existente, há, paralelamente, um mercado imenso e eficaz. Coisa que só descobrimos com o tempo e que para acessar é melhor contar com a ajuda de um nativo. Porem, contrariamente ao que se poderia pensar, não há violência ou bandos (gungs) delinquentes organizados.

Retrato em detalhes: não ha abstecimento de água, luz e esgoto a toda a populacão. Mas é possivel comprar, há prestadoras particulares de energia que oferecem isso em certos bairros onde a rede pública não chega. Tambem há geradores de energia à venda em muitas lojas e o combustível é barato. Porém há filas nas bombas de combustivel. Não há transporte público rápido e eficiente e as ruas são esburacadas e engarrafadas. O transporte pelas vans (candongueiro) não costuma ser seguro, os carros são velhos e os motoristas não cumprem leis de segurança e velocidade. Os ônibus são poucos, demorados, mas mais baratos. Os engarrafamentos são diários e intermináveis. Carro próprio se torna a melhor forma de locomoção (tambem é sinal de status social, ja que o mínimo aqui é muito). Não há muitas lojas e lanchonetes com condições sanitárias regulares, o que obriga a população a comer na rua os alimentos ali confeccionados sem higiene, muitas vezes feito em meio a galinhas, porcos e, especialmente, resíduos sólidos e líquidos esverdeados e fétidos que escorrem pelo chão. Há restaurantes e lanchonetes (caríssimas) apenas em certas regiões da cidade. A coleta de lixo não funciona eficientemente e nos musseques e bairros pobres, a própria populaçao escolhe um terreno e ali deposita seus resíduos: em valas (antigos rios) , beira de estradas e barrancos. Não há consciência anbiental e é comum as ruas e praias conter lixo, inclusive cacos de vidro deixados pelos banhistas. Tambem não há lixeiras na praia, nem mesmo na Ilha do cabo, considerada turística e cheia de restaurantes carissimos. Depois de algumas chuvas os surtos de malária
começam, apesar de haver tratamento em geral bastante eficaz. As zonas limpas e sem água parada apresentam menos mosquitos e consequentemente menos casos de malária. Os estrangeiros não são bem vistos, porque há uma idéia desde a época da guerra (pela libertaçao de Angola de Portugal), que estes vêm aqui colonizar. Por outro lado todos gostam de tentar lhes arrancar dinheiro, já que os colonizadores são «os endinheirados». As agressões verbais e os constrangimentos aos «gringos» são constantes, inclusive por parte dos policiais que sempre pedem uma « gazosa ». Porem não há violência e a população em geral não comete delinquencia, roubos, assaltos, etc. É possivel andar com relógio, mochila, tênis de marca e até mesmo trocar dinheiro na rua. De um modo geral as pessoas são fechadas, porém após uns primeiros contatos são mais agradáveis e bastante amistosas.

Como com dinheiro tudo se arranja e quase não há situações às quais os seres humanos não sejam capazes de se acostumarem... para quem tem ancas dá-se a oportunidade de rebolar. Semba, rumba, kilapanga, sungura, ou kuduro a regra é não ficar parado.

Pós Scriptum 1:
O Kuduro O kuduro é uma dança popular (POP) típica angolana, que começou nos anos 90 a partir de uma mistura com o rap e difundiu-se enormente no país. Hoje é um dos ritmos mais conhecidos mundialmente como genuíno ritmo angolano.

Quase-verdade (constitui-se de uma não verdade que também não é mentira)

O kuduro é uma dança que só os angolanos, especiamente os da capital conseguem dançar. Por isso, melhor do que tentar e depois ficar com dor no cú é contratar alguém que faça isso por você. Pode parecer desumano, mas explorar (remuneradamente) a força alheia é uma das formas de exploração legalizada e desenvolvida pelos seres humanos há 5 séculos e é mundialmente aceita.
A melhor atitude de um estrangeiro em Angola, especialmente em Luanda, é contratar um Angolano para fazer o kuduro por si. Comprar alimentos na rua (a preços para angolanos e não para brancos colonizadores), frequentar os mercados paralelos em busca do que for necessário, passar horas no engarrafamento, fazer fila da gasolina, escolher rotas alternativas de trânsito, contratar outros serviços necessários, conseguir documentos, etc etc etc...

*Não que seja perigoso, mas demanda tempo e energia que só quem já tem o corpo (e o cú) preparados consegue sem maiores danos.

*video de Kuduro