Perdidos em direçao do sul
Saindo de Barra Azul, passeamos rapidamente por Baia Farta: pequena vila de pescadores , muitas crianças e mamás, varredeiras matinais a limpar o pátio duma igrejinha antiga, algumas cabras e porcos e muito cheiro de peixe secando ao sol.
A caminho do sul, tomamos uma estada sem indicação de onde iria dar. Apenas sabíamos, pela posição do sol, que rumava ao sul.
Quilometros e quilometros de semideserto, montanhas de areia e um asfalto novo e bem demarcado no meio desse poeirento nada.
A cada parada, um imenso silêncio, onde um simples voejar de folha podia ser ouvido como numa caixa acústica.
A estrada seguiu até o municipio de Dombe Grande, indicado por uma pequenina placa. Aí se acabou o asfalto e começou o verde, palmeiras, junco, umas casinhas e... mais pessoas.
Passada uma grande ponte, sobre um rio sem água que, como nós, estava de férias em tempo do CACIMBO, tirei fotos com crianças e compramos frutas.
Uns 2km dali encontramos um senhor sentado a beira do caminho numa encrusilhada.
Perguntamos qual estrada seguia para o sul, afinal os caminhos já começavam a estar cheios de capim e ao que nos parecia não passava aí carro há muito tempo.
_ como? diz o senhor, desconcentrado do tempo de agora.
_ O sul, repito eu pausadamente e com o L bem pronunciado como é comum por aqui.
_ O suro? grita o homem _ Sim, sim.
_ É para lá? insisto eu, apontando a direção.
_Sim sim, o suro.
Se se chamava Suro realmente nunca chegamos a saber. O único que encontramos 1 km dali foi uma pequena vila (aldeia ou comuna) que, como muitas, trazia o pátio bem varrido, algumas cabras, porcos, crianças e poucos adultos a nos olhar indagativos.
O caminho não seguia, portanto voltamos e tomamos o outro, fomos até uma nova encrusilhada, que pela indicação do sol nos levaria mais próximo da costa e, possivelmente, ao sul.
Seguimos uma estrada de chão mal acabada, com subidas e descidas e trilhos difíceis, entre montes e montanhas de terra (areia branca) e alguns paredões de rocha. Andamos por umas 2 horas, já eram quase 15h quando chegarmos a uma pequena aldeia a beira mar, que supomos se tratar de CUIO, conforme vimos numa placa indicativa.
As crianças vieram rapidamente nos encontrar. Na beira do mar uma velha canoa abandonada e mais de 20 crianças a nos rodear e nos tocar.
A aldeia ficava depois de grandes montanhas. Antes de decidir voltar paramos nessa aldeia, e perguntamos aos adultos se ali era CUIO. Eles respondiam: _Sim, sim, e apontavam na direção que seguia. Cuio é por aqui.
Decidimos voltar, porque a estrada não parecia ir mais além que a proxima aldeia. (Cuio ou outra, quem sabe?)
Conseguimos tomar a outra rota, agora supostamente na direção de Namibe, ainda ao sul.
Mas a aventura parecia nãos nos querer definir caminho certo. Por toda tarde ainda continuaríamos perdidos...
(Ver proxima postagem)